PEQUENO ESCLARECIMENTO

PEQUENO ESCLARECIMENTO

"Os poetas não são azuis nem nada, como pensam alguns supersticiosos, nem sujeitos a ataques súbitos de levitação. O de que eles mais gostam é estar em silêncio - um silêncio que subjaz a quaisquer escapes motorísticos e declamatórios. Um silêncio... Este impoluível silêncio em que escrevo e em que tu me lês."

Mario Quintana - A vaca e o hipogrifo

Páginas

sexta-feira, 29 de abril de 2011

A ARTE

"Poeta, não é somente o que escreve.
É aquele que sente a poesia, se extasia sensível
ao achado de uma rima à autenticidade de um
verso."

Cora Coralina

segunda-feira, 25 de abril de 2011

LUIZ FERNANDO VERÍSSIMO

Fala sobre as Mulheres

"Tenho apenas um exemplar em casa, que mantenho com muito zelo e dedicação, mas na verdade acredito que é ela quem me mantém. 
Mulher vive de carinho. Dê-lhe em abundância. É coisa de homem sim, e se ela não receber de você vai pegar de outro.

Beijos matinais e um 'eu te amo’ no café da manhã as mantém viçosas e perfumadas durante todo o dia. Flores também fazem parte de seu cardápio – mulher que não recebe flores murcha rapidamente e adquire traços masculinos como rispidez e brutalidade. 


Respeite a natureza. Você não suporta TPM? Case-se com um homem. Mulheres menstruam, choram por nada, gostam de falar do próprio dia.

Não faça sombra sobre ela. Se você quiser ser um grande homem tenha uma mulher ao seu lado, nunca atrás. Assim, quando ela brilhar, você vai pegar um bronzeado. Porém, se ela estiver atrás, você vai levar um pé-na-bunda. Aceite: mulheres também têm luz própria e não dependem de nós para brilhar. 


É, meu amigo, se você acha que mulher é caro demais, vire gay. Só tem mulher quem pode!"


Luiz Fernando Veríssimo.





domingo, 24 de abril de 2011

A DANÇA

"A alma do filósofo vive em sua cabeça,
A alma do poeta vive em seu coração, 
A alma do cantor vive em sua garganta,
Mas a alma da bailarina habita em seu corpo todo." 


Khalil Gibran Khalil



BETWANES BEEK

TRADUÇÃO

Eu sinto prazer com você quando você está comigo


"Eu sinto prazer com você e encontro meu mundo quando você está ao meu lado
Refrão
Quando você chega perto eu sinto você
Quando você está longe eu sinto você
E sua imagem vem comigo
E a lembrança da sua voz me conforta
E seu amor me protege até longe
O amor está chamando você do mais profundo do meu ser
E eu, e eu,e eu
Eu, eu, eu,
Eu adoro sua companhia quando você está comigo
Horas passam depois de nossos encontros
E minha alma é sedenta esperando tua presença
Eu tenho tanta saudade de teus olhos
E apesar de o mundo parecer vazio
Mesmo com as pessoas indo e voltando
Eu sonho com você
Estou sempre te chamando nos meus devaneios
Eu falo para mim mesma que ou você vem até mim, ou eu vou até
você
Sem marcar hora
Oh, se eu pudesse num instante
Encontrar você do meu lado, olhos meus
E nós com as mãos unidas."

______________________________________

Betwanes Beek



Cantora Árabe - Warda Al-Jazairia



sábado, 23 de abril de 2011

TODAS AS VIDAS



"Vive dentro de mim
uma cabocla velha
de mau-olhado,
acocorada ao pé do borralho,
olhando pra o fogo.
Benze quebranto.
Bota feitiço...
Ogum. Orixá.
Macumba, terreiro.
Ogã, pai-de-santo...

Vive dentro de mim
a lavadeira do Rio Vermelho,
Seu cheiro gostoso
d’água e sabão.
Rodilha de pano.
Trouxa de roupa,
pedra de anil.
Sua coroa verde de são-caetano.


Vive dentro de mim
a mulher cozinheira.
Pimenta e cebola.
Quitute bem feito.
Panela de barro.
Taipa de lenha.
Cozinha antiga
toda pretinha.
Bem cacheada de picumã.
Pedra pontuda.
Cumbuco de coco.
Pisando alho-sal.


Vive dentro de mim
a mulher do povo.
Bem proletária.
Bem linguaruda,
desabusada, sem preconceitos,
de casca-grossa,
de chinelinha,
e filharada.

Vive dentro de mim
a mulher roceira.
– Enxerto da terra,
meio casmurra.
Trabalhadeira.
Madrugadeira.
Analfabeta.
De pé no chão.
Bem parideira.
Bem criadeira.
Seus doze filhos.
Seus vinte netos.

Vive dentro de mim
a mulher da vida.

Minha irmãzinha...
tão desprezada,
tão murmurada...
Fingindo alegre seu triste fado.

Todas as vidas dentro de mim:
Na minha vida –
a vida mera das obscuras."

Cora Coralina

terça-feira, 19 de abril de 2011

NÃO SEI

"Não sei... se a vida é curta ou
longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
olhar que acaricia,
desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não seja nem curta,
nem longa demais, mas que seja intensa,
verdadeira, pura... Enquanto durar."

Cora Coralina

INFÂNCIA


"Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras.
lia a história de Robinson Crusoé,
comprida história que não acaba mais.

No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos longes da senzala - nunca se esqueceu
chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.

Minha mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
- Psiu... Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito
.
E dava um suspiro... Que fundo!

Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.

E eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson Crusoé. ”

 (Carlos Drummond de Andrade)










SOZINHO

"As vezes no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois,
Eu fico alí sonhando acordado
Juntando
O antes, o agora e o depois
Por que você me deixa tão solto
Por que você não cola em mim
Estou me sentindo  muito sozinho

Eu não sou nem quero ser o seu dono
É que um carinho as vezes cai bem
Eu tenho meus desejos e planos secretos
Só abro para você e mais ninguém
Por que você me esquece e some?
E se eu me interessar por alguém?
E se ela, de repente, me ganha?

Quando a gente gosta
E claro que a gente cuida
Fala que me ama
Só que é da boca pra fora
Ou você me engana
Ou não está madura
Onde está você agora"

Caetano Veloso



BAILARINA - Fides Cultural


TRISTEZA DO JECA

"Nestes versos tão singelos
Minha bela, meu amor
Prá você quero contar
O meu sofrer a minha dor
Sou igual a um sabiá
Que quando canta é só tristeza
Desde o galho onde ele está

Nesta viola canto e gemo de verdade
cada toada representa uma saudade

Eu nasci naquela serra
Num ranchinho beira-chão
Todo cheio de Buracos
Onde a luz faz clarão
Quando chega a madrugada
Lá no mato passarada
Principia um barulhão

Nesta viola, canto e gemo de verdade
Cada toada representa uma saudade

Lá no mato tudo é triste
Desde o jeito de falar
Pois o Jeca quando canta
Dá vontade de chorar

E o choro que vai caindo
Devagar vai-se sumindo
Como as aguas vão pro mar."




sábado, 9 de abril de 2011

A BAILARINA



"Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.

Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.

Não conhece nem mi nem fá
Mas inclina o corpo para cá e para lá.

Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.


Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.

Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.

Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.

Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças."

  Cecília Meireles



terça-feira, 5 de abril de 2011

CANTEIROS

POESIA CANTADA

"CANTEIROS
Quando penso em você fecho os olhos de saudade
Tenho tido muita coisa, menos a felicidade
Correm os meus dedos longos em versos tristes que invento
Nem aquilo a que me entrego já me traz contentamento
Pode ser até manhã, cedo claro feito dia
mas nada do que me dizem me faz sentir alegria
Eu só queria ter no mato um gosto de framboesa
Para correr entre os canteiros e esconder minha tristeza
Que eu ainda sou bem moço para tanta tristeza
E deixemos de coisa, cuidemos da vida,
Pois se não chega a morte ou coisa parecida
E nos arrasta moço, sem ter visto a vida."

Cecília Meireles interpretado por Raimundo Fagner

segunda-feira, 4 de abril de 2011

VOCÊ

O sol nasceu, mas o dia não.
Alvorada triste,
A água cai do céu como lágrimas
Cai suave, mansa.
Como a dor da saudade
Que aloja-se lentamente no coração,
Que saudade.
Um breve aconchego,
O encontro dos olhos,
Corpo quente, pele, cheiro
Presença, breve presença.
A lembrança aconchegante
Como o cheiro da chuva,
Que cai após um dia quente
Perfume ardente
Intenso
Envolvente
Que perfume!
Arrebata, arrepia, entusiasma,
Sua voz mansa e delicada como algodão doce,
Pronunciando palavras corriqueiras
Que soam como o cosmo
Que brilham longe, mas pode-se ver,
Voz levante
Que aquece, entorpece, embriaga,
Afaga e acalma
Mas, não leva o pesar que incendeia o espirito

Erika Genaro